Jackie Kauffman é Psicóloga, Psicodramatista, Consteladora Familiar Sistêmica e coordena o Núcleo de Direito Sistêmico do Ipê Roxo, fundado por Paulo Pimont Berndt.
“Sinto-me muito feliz em fazer parte de um movimento pioneiro, como o das Constelações Sistêmicas no Judiciário.
Principalmente porque a cada Oficina me deparo com pessoas um tanto cansadas e desacreditadas em si, nos seus ex-parceiros, nas relações parentais, por conta dos conflitos que começaram bem antes das ações judiciais.
Ao final dos encontros se aproximam de nós (que dirigimos as oficinas), para agradecer pela pequena fagulha que foi lançada em seus corações. Um pequeno despertar que pode fazer uma grande reviravolta não só nos seus processos, mas na postura em relação à vida.
É notório nos olhares e palavras que algo foi despertado naquelas vidas. Percebo isso até naquelas pessoas que não aceitam determinadas colocações, se inquietam e falam a respeito, tornando nosso encontro tão rico e real.
Alguns se debatem por algo que está sendo desconstruído dentro deles. E está tudo certo. Pois cada pessoa tem seu tempo de conseguir ver o que está além.”
Os efeitos da guerra judicial
“As ações judiciais apenas mostram a ponta do iceberg, tão somente apontam para algo muito maior. Uma dor maior que se expressa nos processos judiciais. Na luta de quem está certo ou errado ou mesmo quem tem o melhor defensor – mais ou menos poder.
Temos visto na prática, que a verdade não escolhe um lado, e nessa guerra familiar, quem “vence”, muitas vezes, aos poucos, destrói a si mesmo e aos seus.
Tenho ouvido relatos de pessoas que repetem padrões de comportamento de seus pais e mães. Carregam dores profundas de algo que nem sabem de onde vem. São as repetições transgeracionais.
Muitos se mostram desacreditados das próprias capacidades de resolver os conflitos instaurados, por conta da ira, da mágoa e até mesmo da culpa. E assim, partem para uma verdadeira guerra, onde se perde a sensibilidade de ver o outro como um ser humano tão normal quanto ele mesmo.
Sim, no meio da guerra, ninguém se olha, ninguém se vê. As partes se tornam cegas.”
Transformações
“É lindo ver no olhar e expressões, quando alguém é tocado e começa a perceber algo que não fazia sentido antes. É como uma pequena luz que se acende na escuridão de um quarto.
Tenho entrado em contato com pessoas, que nos primeiros minutos das Oficinas parecem distantes, arredias, desconfiadas.
Mas no seu decorrer, através dos exercícios sistêmicos e das Constelações Familiares, terminam o evento nos trazendo palavras de sensibilidade, reflexão e transformação, quando finalizamos de mãos dadas, onde cada um sintetiza em uma palavra as experiências daquele dia.
É perceptível a mudança na postura de homens e mulheres, suas formas de olhar, a identificação em cada pergunta que é feita, em cada exercício, através do qual as sensações do corpo se mostram diferentes do que se imaginava.
Olhar seu ex-cônjuge sendo representado por alguém que demonstra dor e medo, ao invés de prepotência e raiva, tem feito muitos pensarem a respeito.
Em outros momentos, ao relembrá-los qual era o sentimento que uniu alguns casais, posso me deparar com olhos marejados, de homens e mulheres. Sentindo na alma, a sensação de fracasso de um sonho bonito e almejado, que acabara se transformando numa verdadeira guerra.
O que nossa equipe (Eu, Jackie Kauffman, Gabriela Fellipe e Samira Turatti) temos visto, são pessoas sendo despertadas para o valor da vida, que é o que temos de mais importante. Para a gratidão aos pais, independente de quem foram, o que fizeram ou deixaram de fazer. E a percepção do fluir da vida através da união com seus ex-parceiros, que deu certo na vida de seus filhos. Pois a vida só chegou até eles, através dos dois, que permanecem unidos nos filhos.”
Novos movimentos
“As Oficinas tem mostrado que os homens, sim, amam muito e carregam grande peso em suas almas, pelos conflitos familiares. Pelas dificuldades de relacionamento com suas ex-parceiras e com seus próprios pais.
Eu tinha a falsa impressão que eles eram mais duros, secos e até não conheciam muito bem o que era amor. Não é isso que temos visto na prática.
Percebo que existe muita dor, muita mágoa, por trás da raiva, dos ataques escritos nas laudas do processo. E quando eles são confrontados com essa verdade, o corpo mostra, através da emoção que se apresenta.
Ouvir uma mãe ou pai, liberando seu filho do peso de não poder amar e demonstrar amor ao outro genitor, recolocando-o no seu lugar de apenas filho, pequeno, é precioso!
É precioso e me mostra que esse trabalho alcança a alma das pessoas. Trata-se do início de uma mudança de postura.
Na última Oficina no Fórum de Camboriú, nessa mesma semana, um homem disse não conseguir sequer visualizar sua ex parceira na mente. Tamanha raiva que sentia dela. Pôde, através de um exercício, olhar para ela nos olhos e dizer: Por favor, você também faz parte dessa relação.” Seu olhar, não era mais de raiva, mas de dor.
Acredito nesse “instrumento ou técnica” (como alguns chamam). Acredito no movimento das Constelações Sistêmicas: que alarga a percepção de si, do outro e devolve às partes o poder de solucionar seus próprios conflitos.
Ao invés de somente delegá-los a seus representantes legais. O que torna todos os trâmites mais curtos e eficazes.
Somos gratas à Dra. Karina Müller, que tem aberto o coração e as portas da sua Comarca em Camboriú, para esse movimento.
Minha palavra de hoje? Gratidão por fazer parte e vivenciar tudo isso!”
Outras iniciativas de alunos do Direito Sistêmico do Ipê Roxo que foram apresenados no Conselho Federal de Justiça, em Brasília.
Dois projetos apoiados pelo Instituto Ipê Roxo foram apresentados em Brasília no evento: “Workshop Inovações na Justiça: O Direito Sistêmico como meio de solução pacífica de conflitos.
Veja baixo o vídeo da transmissão ao vivo do evento no Youtube, na página do Conselho Federal de Justiça.
Karina Müller Queiroz, Juíza da comarca de Camboriú e nossa aluna da formação em Constelações Sistêmicas, apresentou seu projeto Justiça Sistêmica: vínculos de amor. Veja abaixo o trecho da participação da Juíza no evento.
E Monica Trichez Casagrande apresentou o único e primeiro projeto de Constelações no âmbito da Justiça Federal.
Estamos muito felizes em contribuir para um caminho onde a população tenha acesso a um meio de tomar de volta a capacidade de resolver seus próprios conflitos. Veja abaixo o vídeo do evento completo.
OIpê Roxo – Instituto de Desenvolvimento Humano é pioneiro em Florianópolis no trabalho com as Constelações Sistêmicas. Foi fundado pelos consteladores Sonia Farias, Maria Inês Araujo Garcia Silva, Paulo Pimont e Ana Garlet. Constelação Sistêmica é uma nova abordagem da Psicoterapia Sistêmica Fenomenológica criada e desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger.
Conhecimento este desenvolvido após anos de pesquisas com famílias, empresas e organizações em várias partes do mundo. O resultado desses estudos se transformou em um trabalho simples, direto e profundo. Baseia-se em um conjunto de leis naturais que regem o equilíbrio dos sistemas que o próprio Bert gosta de chamar de “Ordens do Amor”.
Instituto Ipê Roxo de Desenvolvimento Humano
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