Neste estudo de caso do livro “Ordens do amor” vamos ler sobre a Constelação de Ruth, facilitada por Bert Helinger e descrita no seu livro.
Este exemplo mostra como as identificações dentro do sistema podem trazer repetições e dificuldades ao sistema familiar.
Este é um dos exemplos de como a Constelação Familiar pode ajudar a identificar as fontes das dificuldades sistêmicas e ajudar o cliente que a procura a se liberar, com amor e respeito, e então seguir adiante com a força do seu sistema familiar.
Leia e compreenda um pouco mais sobre os movimentos do amor dentro das famílias.
Constelação de Ruth: Filha mais jovem identificada com a mãe de sua mãe
RUTH: Senti-me pilhada na frase da melancolia, que é uma proteção para a felicidade secreta. Mas agora estou enjoada disso. Gostaria de colocar minha família de origem e tomar meu lugar nela. Tenho a impressão de que…
HELLINGER: Não precisa explicar. Você está querendo e então vamos colocar. Quem pertence à sua família de origem?
RUTH: Meu pai, minha mãe, as irmãs gêmeas mais velhas e eu. A mais velha das gêmeas morreu com quatro semanas de vida.
HELLINGER: O que aconteceu com elas?
RUTH: Nasceram prematuras e permaneceram por mais tempo na clínica. Depois minha mãe foi autorizada a levar para casa a filha mais nova. A mais velha ficou na clínica e morreu lá.
HELLINGER: Existe mais alguém que pertença à família?
RUTH: A irmã de meu pai morreu no parto e, pouco mais tarde, um irmão dele se enforcou.
HELLINGER: Aconteceu algo de especial com os pais de seu pai?
Recriminações
RUTH: Depois do suicídio do filho deve ter havido fortes recriminações de parte a parte.
HELLINGER: Isso serve de defesa contra o luto e a dor. — Certo, agora coloque a família!
Figura 1
P – Pai
M – Mãe
† – 1 Primeira filha, irmã gêmea mais velha, falecida após o nascimento
2 – Segunda filha, irmã gêmea mais nova
3 – Terceira filha (=Ruth)
HELLINGER: Há recriminações entre os pais pela morte da criança?
RUTH: Sim. Há recriminações contra a clínica e auto-recriminações da mãe. Ela se deixou persuadir de que seria melhor levar somente uma filha para casa, para se acostumar a ter uma criança em casa.
E há recriminações contra o pai, que eu também faço. Penso que, se ele tivesse imposto sua autoridade em casa, minha mãe também teria levado para casa a outra criança.
HELLINGER: Como está o pai?
PAI: De início, eu estava muito bem com minha mulher e tinha um bom contato. Quando as crianças foram colocadas ao lado, o contato se perdeu. Agora sinto uma distância.
À minha direita sinto um vazio. Falta alguma coisa aí. A filha mais nova está diante de mim, como uma professora que me recrimina e quer me corrigir.
“Preciso ensinar aos pais a conviver em harmonia”
MÃE: Sinto-me diante de minha filha mais nova como se estivesse no banco dos réus. Ela me olha muito severa e zangada, em atitude de acusação.
PRIMEIRA FILHA†: Meu ombro esquerdo dói muito. É a única coisa que sinto: o ombro doendo e o braço esquerdo pesado e comprido.
SEGUNDA FILHA: Senti um verdadeiro calafrio quando minha irmã mais nova se postou diante de mim, uma autêntica raiva. Senti-me agredida. Isso só passou quando olhei para outra pessoa.
Sinto que preciso do apoio de minha irmã gêmea mais velha. Ela é extremamente importante para mim. Meus pais estão muito longe.
HELLINGER (para a representante de Ruth): Como está a irmã mais nova?
TERCEIRA FILHA: O que aconteceu primeiro foi que pensei: “Tenho que levantar o ânimo da família.” Depois pensei: “Preciso ensinar aos pais a conviver em harmonia.” (Ri.)
“Ela está assumindo o papel de um antepassado”
HELLINGER: Portanto, é uma identificação. Ela está assumindo o papel de um antepassado. A pergunta é: quem poderia ser? (para Ruth): O que se passa na família de sua mãe?
RUTH: A mãe de minha mãe é a mais nova de quatro filhos. Quando ela era muito pequena, seus três irmãos mais velhos morreram em duas semanas, de uma doença infantil. Só minha mãe sobreviveu.
HELLINGER: Você está identificada com ela. Foi dela que você adotou a melancolia e o sentimento de ser responsável pelo bem-estar dos pais.
HELLINGER (para a gêmea falecida): Agora sente-se na frente dos pais, apoiando suas costas neles. — Como é isso?
PRIMEIRA FILHA†: E muito mais agradável. As dores nos ombros cessam. Hellinger modifica a figura.
Figura 2
HELLINGER: Como é isso para os pais?
PAI: É bom. Sinto um bom contato com minha mulher. As filhas estão presentes. Está equilibrado.
MÃE: É bom.
HELLINGER (para os pais): Cada um de vocês coloque uma mão sobre a cabeça da criança morta, num gesto de abençoá-la com amor.
“Ela me faz falta”
HELLINGER: Como está agora a irmã mais nova?
TERCEIRA FILHA: Senti um alívio imediato quando fui colocada no mesmo nível com minha irmã.
SEGUNDA FILHA: Foi péssimo quando você levou embora a irmã gêmea. Ela me faz falta. Mas posso me acostumar a isso. Com o passar do tempo vai ficando melhor.
PRIMEIRA FILHA†: Está bem.
HELLINGER: Quando você já tiver recebido o bastante de seus pais, pode colocar-se ao lado de suas irmãs.
Figura 3
HELLINGER: Como é agora?
PRIMEIRA FILHA†: Está em ordem.
TERCEIRA FILHA: É bom. Com isso, naturalmente, fico um pouco menos importante. (As três irmãs riem.)
PAI: É bom.
MÃE: Sim, é bom.
HELLINGER (para Ruth): Você quer colocar-se em seu lugar?
Ruth coloca-se em seu lugar e olha em tomo. Então Hellinger coloca do lado da mãe a mãe dela e do lado do pai a irmã dele, que morreu de parto, e o irmão que se enforcou.
Figura 4
†IraP – Irmã do pai: morreu no parto
†IroP – Irmão do pai: suicidou-se
MM – Mãe da mãe
HELLINGER (para Ruth): Como é para você quando a avó está ali? Você ainda precisa ver ao lado dela os irmãos mortos, embora eu não os tenha colocado aqui — os três irmãos dela.
RUTH: Quando ela fica nesse lugar, é bom. Quando fica mais perto, é muito triste.
HELLINGER: Como está a avó?
MÃE DA MÃE: Bem.
HELLINGER: Esse é um lugar de honra.
HELLINGER: Como é para o pai quando seus irmãos mortos estão aí?
PAI: É bom. Agora esse vazio foi preenchido.
RUTH: Para mim é bom assim.
HELLINGER: Está bem, foi isso aí.
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