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“Mulheres que correm com os lobos”: o bestseller de Clarissa Pinkola Estés
Ipê Roxo - Instituto de Constelação Familiar | 22/08/17 |

Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas.

CLARISSA PINKOLA ESTÉS

É dessa forma que Clarissa Pinkola Estés abriu seu livro, “Mulheres que correm com Lobos”, em um chamado para todas as mulheres entrarem em contato com o seu selvagem, com sua força natural e a integralidade do seu ser.

Lançado pela primeira vez em 1992, o livro da analista americana Dra. Clarissa está completando  25 anos de histórias ligadas ao arquétipo feminino. Cada perfil traçado nos contos do livro dá conta de muitas dores femininas, que às vezes ficam adormecido nas mulheres.

Buscando paralelos na cultura de várias tribos e tradições, Clarissa vai abordando a força, a inteligência e demais características femininas e as chama para ação, para assumir toda força da história que há dentro de si.

Histórias mundialmente conhecidas como BARBA-AZUL, VASALISA, MULHER ESQUELETO, PATINHO FEITO, DONZELA SEM MÃOS, PELE DE FOCA – PELE DA ALMA, SAPATINHOS VERMELHOS e URSO DA MEIA LUA estão entre os contos da obra de Clarissa Pinkola Estés.


“Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução do espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos, ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milênios, sempre que lhe viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros. “

CLARISSA PINKOLA ESTÉS

 

Porque “Mulheres que correm com os Lobos” ganhou o mundo?

O livro está sempre entre os cem mais vendidos em muitos países e há vários anos. De onde vem este sucesso?

Talvez seja o grande empoderamento que a obra traz, pois, através das histórias coletadas por Clarissa ao longo de 20 anos de pesquisa ao redor do mundo, as mulheres são presenteadas com novas informações e percepções que as liberam de expectativas frustradas e as colocam em rota de encontros com sua verdadeira força criativa.

As mulheres estão passando por um período de grande transformação em suas vidas e no seu posicionamento na sociedade. Muitas vezes essa movimentação é esgotante, e é preciso encontrar um lugar onde elas possam se reunir e energizar.

Os Grupos de Lobas do Ipê tem a proposta de ser esse lugar de cura, de reconexão com o feminino e de toda força que brota de tanta vida que é o ser mulher.

 

O Conto dá Conta

O livro de Clarissa é a base do trabalho de Contoterapia dos psicólogos Sonia Farias e Paulo Pimont no Instituto Ipê Roxo. Nos grupos de Lobas, onde o livro de Clarissa e as Constelações de Bert Hellinger são ferramentas chaves, os contos nutrem e instruem as participantes a encontrarem novos lados, novas formas de lidar com a própria força, muitas vezes contidas dentro de si.

No anexo final de seu livro, Clarissa fala do poder curador dos contos, tese defendida e comprovada por Sonia em seus mais de 30 anos em consultório. Clarissa relata:

A linguagem dos contos e da poesia é a irmã vigorosa da linguagem dos sonhos. Parece haver dentro da psique uma função que cria arte e poesia e que brota quando a pessoa espontânea ou propositadamente ousa se aproximar do núcleo instintivo da psique.

Esse local na psique, onde se reúnem os sonhos, as histórias, a poesia e a arte, constitui o misterioso habitat da natureza selvagem ou instintiva. Na poesia e nos sonhos contemporâneos, bem como nos contos folclóricos mais antigos e nos escritos dos místicos, todo o ambiente desse núcleo é compreendido como um ser de vida autônoma.

Na maioria das vezes, ele é representado na poesia, na pintura, na dança e nos sonhos como um dos grandes elementos, como por exemplo o oceano, a abóbada celeste, a terra preta ou como um poder personalizado, como a Rainha dos Céus, A Corça Branca, A Amiga, A Amada, O Amante ou O Parceiro.

A partir desse núcleo, idéias e questões de importância numinosa assomam à pessoa, que vivência a sensação de “estar plena de algo diferente do eu”.

Da mesma forma, muitos artistas levam suas próprias idéias e questões nascidas do ego até a borda do núcleo, deixando-as cair ali dentro, com a justificada impressão de que elas voltarão infundidas de algo novo ou impregnadas do notável sentido da vida psíquica desse núcleo.

Seja como for, isso provoca um repentino e profundo despertar, uma mudança ou uma formulação dos sentidos, da disposição ou do coração do ser humano. Quando a pessoa acaba de ser informada, sua disposição muda. Quando a disposição muda, o coração muda.

É por isso que as imagens e a linguagem que sobem do núcleo são tão importantes. Combinadas, elas têm o poder de transformar qualquer coisa em outra, de uma foïma que seria difícil e tortuosa se apenas contasse com a ajuda da vontade. Nesse sentido, o Self central, o Self instintual, tanto cura quanto dá início à vida.

É essa força que está contida nos contos que os transformam em uma grande ferramenta terapêutica, trazendo grandes resultados àqueles que se lançam nas histórias e na sabedoria que estão dentro deles.

 

Nosso trabalho com a obra de Clarissa

Mulheres-que-correm-com-os-lobos (1)O livro de Clarissa fornece os contos que são a base do trabalho com os grupos terapêuticos de Lobas.

Esse trabalho é realizado no Ipê em grupos que ocorrem a cada semana ou quinzena.

Neles, as mulheres se reúnem e encontram um espaço de confiança, acolhimento e incentivo para assumir a força contida dentro de cada uma.

Também existem também as imersões em contos do livro. São eventos que acontecem em fins de semana e neles um conto do livro de Clarissa é utilizado como tema principal.

Neste ano do 25 aniversário da obra, um grande marco deste trabalho foi o início da FORMAÇÃO NOS CONTOS DE CLARISSA, que irá preparar profissionais que queiram atuar com os contos como ferramenta de trabalho.

 

 O Nascimento deste trabalho no Ipê

Sonia Farias, psicóloga e consteladora do Ipê Roxo é a fonte deste trabalho dentro do Ipê Roxo.

Sempre apreciadora de contos, deste pequena, a paixão se transformou em trabalho na vida adulta. Ela nos conta:

“As histórias desde a tenra idade tem alimentado meu coração e, ocupam um lugar de honra em minha família. Há anos trabalho com histórias, contos na Psicoterapia. Quando era criança uma encantadora contadora de histórias, dona Avani Rosa, fez a minha iniciação. Eu com meus irmãos, recebíamos todo domingo histórias bíblicas, todas ilustradas. Entrávamos num mundo imaginário do “tudo pode”. Assim já no início dos trabalhos psicoterápicos, já usava os contos. Sempre ouvia as famílias e aguardava o surgimento de uma bela história para contar.”

sonia1No final da faculdade de psicologia, Sonia fez seu estágio assistido no Presídio Feminino de Florianópolis e no Hospital Nereu Ramos, simultaneamente. Nesses lugares, entrou em contato com histórias marcantes, onde começou a perceber os emaranhamentos familiares e os destinos difíceis.

Como lidar com tanta dor? Ela se perguntava.

Já nessa época, ela utilizou os contos escritos por Clarissa Pinkola Estés para encontrar uma forma de auxiliar nas dores de seus clientes nestes lugares, por onde permaneceu por 3 anos.

“Para encontrar uma porta de entrada nessas famílias, passei a ilustrar os contos. Assim, com contos ilustrados, imagens anímicas surgiam de forma muito rápida. À medida que passávamos pelos contos, revelava-se um fio de ouro, fino e delicado. Conduzida pelos contos uma nova e rica história pessoal era recontada dentro de cada família.”

Os processos mais difíceis transformavam-se em recursos preciosos cheios de significados. Eram bem vindos, davam às detentas e aos enfermos, uma nova ordem interna. Com paz, pequenas frases, sentimentos, fragmentos de histórias eram encontrados. Cada pessoa reconhecia-se como pessoas pertencentes. Com dignidade encontravam seu lugar em suas famílias. A experiência do presídio e hospital fortaleceram ainda mais o trabalho que se iniciava na clínica.

Os Contos eram bem vindos, davam às detentas e aos enfermos, uma nova ordem interna. A experiência do presídio e do hospital fortaleceram ainda mais o trabalho que se iniciava na clínica.

Em 2005, Sonia recebeu o convite para participar do Workshop “Contos de Fadas e as Constelações”, ministrado por Peter e Tsuyuko Spelter. Após essa forte experiência, a psicóloga começou a caminhar de forma estruturada com o trabalho de Contos + Constelação.

Desde então, tem trabalhado com Paulo Pimont, Geiziane Braglia e Jeanette com contos arquetípicos dos livros: “Mulheres que correm com os Lobos”, da Dra. Clarissa Pinkola Estés; “João de Ferro, de Robert By e A Deusa Interior de Jennifer B Woolger & Roger Woolger, todos eles juntamente com a visão sistêmica fenomenológica segundo Bert Hellinger.

Saiba + sobre a Formação em Contoterapia do Instituto Ipê Roxo

Constelação Familiar de Bert Hellinger no Instituto Ipe Roxo de Florianópolis (7)

 O que dizem as participantes

O grupo é um lugar de cura e desenvolvimento, que traz o contato com a força interior das participantes. É também um lugar de confiança, onde as mulheres se encontram e se apoiam mutuamente. Todas num movimento de desabrochar e assumindo o seu poder interno.

Reunimos a seguir alguns depoimentos de participantes desses grupos que ocorrem no Ipê. Pelas palavras, viajamos pela rica experiência dessas mulheres que se arriscam encontrar o seu feminino mais selvagem, e retornam desse lugar cheias de vida e força.


“Como tudo que buscamos também nos busca, foi então que minha alma, cansada de ser ingênua e cair em armadilhas de predadores decide chegar ao Grupo Lobas. Senti desde o início o meu coração vibrar ao perceber que não preciso estar só. Andar em matilha de lobas reunidas semanalmente é muito mais prazeroso e fortalecedor!

Tive muito benefícios ao olhar para a minha vida e para a postura que adoto em minhas relações através dos contos de Clarissa Pinkola Estés. Os 4 meses que estive com elas (porque estou mudando de estado) foram preciosos e o olhar experiente e cuidadoso da Soninha, Paulo e Geizi acrescentam muito, ainda mais quando somados às constelações

Meus olhos passaram a brilhar mais, me senti mais viva! Passei a me encorajar e a olhar com mais verdade para o lugar que me coloco e aquilo que me queixo em minhas relações, com todo amor e respeito por mim e pelo outro. Aprendi como a loba faz, a usar meus instintos. É impressionante o efeito quando consegui utilizar os recursos de dentro de mim: validar minha intuição, meus sentimentos e meus sonhos (sonhados). As respostas que tanto buscava nos outros, estava o tempo todo em mim!

Se transformar em loba e aprender a farejar os perigos, é algo transformador, transforma de dentro para fora: eu mudei e mudou também a minha forma de me relacionar com as pessoas: mais segura, mais firme, mais atenta, esperta e cautelosa. Não aconteceu mais de eu me sentir ‘sugada’ por algumas pessoas ou de seguir o desejo dos outros ao invés dos meus. Ah, e meu relacionamento com meu companheiro mudou para a melhor: noivei e vou casar! Cada semana algo novo aprendemos com os contos de Clarissa Pinkola Estés e colocamos em prática no dia a dia. É lindo ver a cada semana nossa matilha mais fortalecida com as dificuldades e conquistas partilhadas no grupo Lobas! “

Laidiara Schneider


“Posso dizer que minha história de vida se resume em antes e depois das Lobas.

Vinda de uma separação inesperada, sofrida e com dificuldades de organizar meus sentimentos, cheguei ao Grupo das Lobas e a cada sessão via minhas dificuldades serem sanadas.

Nosso grupo, tão bem conduzido por nossos queridos mestres Sônia Farias e Paulo Pimont,  foi recebendo conhecimentos contidos no livro Mulheres que Correm com os Lobos  de Clarissa Pinkola Estés  associados aos ensinamentos de Bert Hellinger , assim como de outros contos.

Só quem vive tal experiência pode entender a ação dos contos em nossa vida. Eles são capazes de chegar ao mais profundo de nossa alma e sanar dores escondidas no mais recôndito de nosso ser (La Llorona). O caminho do autoconhecimento foi árduo e doloroso, permeado de muita dor e lágrimas, mas também de muita satisfação pela minha coragem de seguir em frente e não ter desistido. Nesse percurso, o apoio do grupo também foi muito importante. Minha querida alcatéia.

Hoje sou uma nova pessoa (Mulher Esqueleto), é o que todos os que me conhecem dizem, e concordo. Sou uma pessoa melhor (Patinho Feio). Sei que o caminho do autoconhecimento é infinito, mas, como uma Loba que hoje sei que sou, estou seguindo meu caminho. Sigo farejando, observando atenta às armadilhas (Manawee), procurando identificar os Barba Azuis e, hoje, sabendo separar o que quero para a minha vida e o que não quero (Vasalisa). Sigo correndo com a cauda erguida feliz pelo simples fato de estar viva e estar aprendendo. Sigo em frente reverente e grata a tudo que já vivi porque tudo tem um motivo de ser. Sigo reverente e grata, a todas as pessoas que fizeram parte de minha jornada, as que estão fazendo parte dela e as que ainda estão por vir. Sigo em expectativa e dizendo sim às experiências vindouras, usando meus sapatinhos vermelhos porque, agora, estou começando a aprender quem eu sou, o que quero e, principalmente, o que mereço ter e viver. Sim! Sim! Sim!”

Rosania Alves


Conheci o trabalho com contos da Sônia e do Paulo há mais de 15 anos. Nessa época senti que fui muito mexida por dentro. Apesar de não entender tudo o que aconteceu naquele encontro, senti que algo foi tocado em mim e que de alguma forma saí melhor do que cheguei.

Mas recentemente estava passando por algumas dificuldades e novamente os contos vieram ao meu encontro. Dessa vez me permiti mergulhar mais profundamente neles e fui muito abençoada. Descobri coisas que nem imaginava que estavam dentro de mim. Tudo veio com muita leveza e pude me conhecer melhor. Recebi muitas orientações através desse trabalho lindo. É como se os contos fossem mapas. Eles nos guiam até onde precisamos, até nossos tesouros.

Estar com as Lobas para mim hoje é indispensável. É um tempo para alimentar minha alma e aprender a ser mais sábia.

Toda vez que estou no grupo de Lobas volto melhor para minha família. Reconheço melhor minhas necessidades e sou mais inteira

Com as Lobas aprendi que amar, criar e curar deve ser algo natural para nós mulheres e hoje vejo como essas três coisas são importantes na minha vida. Passei a valorizar mais minhas criações. Agora a arte é parte da minha vida. Também passei a valorizar mais meu trabalho com a casa e os filhos.

É uma verdadeira alegria ser mulher! Estar junto desse grupo maravilhoso é um presente de Deus para mim.  

Maevy Dias


O lançamento da formação em Contoterapia 

Paulo Pimont e Sonia Farias

Homenageando a obra que completa 25 anos, os terapeutas atenderam a um pedido que já vinha a muito tempo de várias partes do Brasil: realizar uma FORMAÇÃO EM CONTOTERAPIA, abordando a obra de Clarissa.

É um trabalho inédito no Brasil e um projeto longamente planejado pela psicóloga Sonia Farias, que reúne muitos anos de experiência na área terapêutica e do uso de contos para este fim.

Além de ferramenta profissional, o curso também é uma vivência de desenvolvimento a todos aqueles que se lançarem nas águas da Contoterapia.

Experimentamos, comprovamos e então, nossa aplicação desse método encontra mais força em nosso trabalho. Por esse motivo, o curso também se direciona àqueles que desejam se desenvolver além do profissional.

Além dos contos de Clarissa, também são abordados outros dois livros: João de Ferro, de Robert Bly e “A Deusa Interior” de Jennifer e Roger Woolger.


 

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