Somos frutos de um homem e um mulher que se encontram. Eles também descendem de outros homens e mulheres, ou nossos avós. Nossos avós também, descendem de outros homens e mulheres, ou nossos bisavós. E assim rastreamos a fonte da vida rumo aos nossos primeiros antepassados.
A essa ligação entre pessoas que compõem nossa família, chamamos de sistema familiar. Por sistema, entendemos tudo que está interligado e que se influenciam mutuamente.
Parte dessa influência é consciente. Admiramos características em nossos pais, avós, irmão. E por vezes adquirimos estas características para nós. Através do nosso amor e admiração, e em grande parte por orgulho a pertencer ao sistema, repetimos atitudes que reforçam nosso vínculo.
O mesmo acontece também através do inconsciente. A armadilha aqui é que este inconsciente está ligado a um amor arcaico, que vai até as últimas consequências para manter a ordem, o pertencimento e o equilíbrio dentro do sistema familiar.
Através desse amor inconsciente, repetimos padrões que podem trazer dificuldades para nossa vida. Repetimos o vício de um tio alcoólatra para inclui-lo novamente, repetimos a fracasso em relacionamentos de nossos pais, para honrá-los, desejamos seguir na morte um irmão abortado, para lembrá-lo.
Todas essas dinâmicas ocultas e muitas outras podem agir em nossa vida, e muitas vezes não temos muitas pistas do que age, embora sentimos com intensidade as dores que essas dinâmicas causam em nossa vida.
Onde se iniciou a Constelação Familiar?
Bert hellinger, psicoterapeuta alemão, desenvolveu após pesquisa no campo terapêutico o método da Constelação Familiar. Este método nos permite ver a dinâmica que age numa dificuldades de origem sistêmica, gerando uma imagem do problema para o cliente e facilitando o caminho para uma solução, quando possível.

Bert Hellinger
Bert Hellinger é alemão, nascido em 1925 e é vivo, estando hoje com 92 anos. Começou sua vida como padre missionário da igreja católica, onde foi trabalhar na áfrica em tribos Zulus. Lá observou algumas característica do relacionamento em sistema que mais tarde seria a base para o desenvolvimento da Constelação familiar.
Outros trabalhos desenvolvidos por ele foram como psicanalista, terapeuta corporal, terapeuta em dinâmica de grupos e terapeuta familiar. Atualmente, Bert Hellinger trabalha na Hellinger Schulle na Alemanha e em seminários ao redor do mundo, onde propaga e aprofuna o conhecimento das constelações familiares.
O termo que designa a Constelação Familiar é uma tradução do alemão “FamilienStellen”, que teria uma tradução aproximada de Colocação Familiar. Este nome é bastante alinhado com o que é feito em um atendimento deste método terapêutico.
Esse é trabalho realizado em uma constelação. Colocamos os integrantes no campo e observamos os movimentos para então ver a dinâmica que atua. Sem julgamento, sem expectativas e sem objetivos mente, para que possamos colocar todos na inclusão,porque existiu e faz parte, na ordem e buscando o equilíbrio desse sistema.
Quais são as 3 leis que atuam nos sistemas?
Bert Hellinger percebeu que existem três leis a que todos estamos submetidos, quer saibamos de sua existência ou não. São leis que regem a vida e os relacionamentos sistêmicos.
A Ordem é a lei que fala que devem sempre ser respeitados os que vieram antes: Avós vieram antes dos pais, que vieram antes dos filhos. Entre irmão, o mais velho veio antes que o do meio que veio antes do caçula. Qualquer movimento que coloca o mais novo como maior é uma quebra da ordem. Isso é o que acontece quando filhos julgam os pais, por exemplo: algo totalmente contra a ordem e que, inevitavelmente, irá gerar consequências danosas para os filhos que assumem este lugar.
O Equilíbrio remete ao dar e tomar, presente em todas relação. Excluindo a relação entre pais e filhos, todas as relações devem igualmente dar e tomar entre si. Quando a balança pende para somente um lado, o desequilíbrio aparece. No caso de pais e filhos, os filhos somente tomam dos pais e repassarão para seus filhos o que receberam. A troca assim é passada entre as gerações, fortificando o caminho da vida.
O Pertencimento diz que dentro de um sistema familiar, todos pertencem igualmente. A exclusão de um integrante faz o sistema se movimentar até restituir ao excluído o direito de estar no grupo familiar, de forma respeitosa e igualitária. Isso quer dizer que todos têm um lugar garantido dentro do sistema do qual fazem parte, independente de quem seja ou como seja.
Para saber mais sobre as leis que regem os relacionamentos, leia o artigo que escrevemos no nosso blog sobre elas.
Como funciona uma constelação?
A Constelação Familiar possui muitas aplicações atualmente. Pode ser utilizado no direito sistêmico, na Pedagogia Sistêmica, na administração de empresas e no olhar para a saúde, entre outros.
Mas sua aplicação original foi para fins terapêuticos com clientes que se viam envolvidos em problemas nos quais não conseguia reconhecer a origem. Muitos já haviam tentado outros tipos de terapia sem sucesso.
Nestes atendimento, uma constelação é iniciada com o cliente que trás um tema, algo que ele busca resolver. Através de um pequeno indicativo, como “tenho problemas com meus relacionamentos”, ” não consigo permanecer em um trabalho” ou “meu filho adolescente está muito mudado com a família”, o facilitador que conduz a constelação coloca alguns representantes no campo.
Esses representantes fazem parte do grupo e podem ser escolhidos pelo cliente ou pelo terapeuta. Após a escolha, eles se posicionam no espaço designado e ficam totalmente atentos as sensações que aparecem em seu corpo.
São essas sensações que guiam uma constelação. Elas geram movimento no campo de acordo com a história familiar do cliente, através dos campos morfogenéticos da teoria proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake (maior explicação abaixo).
As sensações surgem como uma vontade de se aproximar ou afastar, deitar-se no chão, fechar os olhos, etc. A movimentação dos representantes geram as imagens que nos permite observar e investigar uma dinâmica que atua.
Há mais de 40 anos, a constelação familiar vem trazendo alívio e resultados para os cliente que se propõem a olhar para si através desta técnica.
Qual é a ciência por trás da Constelação?
A constelação familiar tem parte de sua dinâmica explicada pelos Campos Morfogenéticos, uma teoria proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, em 1981, no livro “Uma nova ciência da vida.”
Nesta teoria, Sheldrake diz que os campos morfogenéticos são campos não físicos que carregam informações. Todos os seres, desde seu nível celular, estão expostos a este campo.
São esses campos que trazem as informações que são tratadas em uma constelação. É esse mesmo campo que atua nos representantes que os fazem sentir e perceber sensações que movimentam uma constelação.
Uma boa analogia do campo morfogenético é o campo magnético. Através de uma experiência com imãs, podemos perceber o efeito que agem entre eles, embora não podemos observar o campo que exerce a atração ou expulsão que ocorre. Apenas percebemos uma manifestação dele através do movimento que gera.
Nas experiências escolares, quando queríamos ver o campo magnético, colocávamos pó de palha de aço e eles se organizavam em ligações entre os dois polos do imã.
Uma constelação funciona da mesma forma. Ao colocar pessoas como representantes, podemos observar através dos movimentos a forma como um sistema se organiza, e dessa forma perceber os emaranhamentos que atuam ali.