Transcrição de palestra de Paulo Pimont Berndt, constelador e professor de Direito Sistêmico.
Todo conflito começa por causa de um grande amor. Sim, um grande amor pela família de origem, por todos aqueles que são responsáveis pela nossa existência. Todos nós viemos de algum lugar.
De onde você veio?
De onde eu vim?
Somos todos frutos de um amor.
Fruto de um ato de amor!
Fruto de um amor entre uma mulher e um homem. Algo aconteceu, um se entregou ao outro de alguma forma, e então uma vida surgiu a partir desse encontro. Não é relevante quanto tempo esse amor durou para a existência dessa pessoa. Não importa se foi um amor que durou e levou a um casamento de uma vida toda. Essa pessoa está aqui porque um homem e uma mulher se encontraram e algo maravilhoso aconteceu, a vida surgiu.
Somos constituídos por nossos pais
Agora, nós sabemos que essa pessoa veio de um encontro. Nós já estudamos biologia, sabemos que para uma pessoa surgir se faz necessário um óvulo e um espermatozoide, e cada um carrega 50% daquilo que será essa pessoa. Então, se quiséssemos pegar uma pessoa, por exemplo, e dividi-la em porcentagens, cinquenta por cento é o pai dela e cinquenta por cento a sua mãe.
Em cada pequena célula do corpo dessa pessoa, existe o pai e existe a mãe. São trilhões de células existentes no corpo humano, e em cada uma célula existe o pai e mãe. Podemos olhar para as nossas mãos e dizer: – Meu pai e minha mãe, estão aqui. Estão em mim.
É impossível separá-los de nossa constituição. Uma vez que eles se juntaram e deram a vida, agora é impossível haver essa separação. Mesmo se cortássemos a pessoa ao meio, não separaríamos os seus pais de sua constituição porque estão em cada uma de suas células.

Figura 1- Constituição familiar básica
Na figura acima está a ilustração da constituição familiar básica, um filho e seus pais, os responsáveis por sua existência, os que lhe proporcionaram a vida a partir de um encontro.
Pensemos agora que este pai, este homem¹, também teve um pai (homem²) e uma mãe (mulher²). E da mesma forma cinquenta por cento de quem ele é veio desse outro homem, seu pai, que está nele. E cinquenta por cento dessa mulher, sua mãe. Na próxima figura fica exemplificada a constituição familiar expandida.

Figura 2 – Constituição familiar expandida
Agora pensemos no filho¹, o seu avô (homem²) está nele também. Sim, vinte e cinco por cento de cada uma de suas células é o seu avô, pois ele está em seu pai (homem¹). Portanto o filho¹ carrega cada um deles que direta ou indiretamente são responsáveis por sua existência.
Isto é uma simples verdade. Da mesma forma, seus avós maternos estão presentes no filho¹, por estarem em sua mãe. Todos esses que vieram antes dele, pais, avós e bisavós são carregados pelo filho¹, em suas células, em sua composição, em seu coração.
Olhe/imagine seus avôs e diga assim: – Eu carrego vocês. Eu carrego vocês comigo.
Conectando-se com a força do nosso sistema familiar
Cada pessoa consegue por um instante fechar seus olhos e imaginar atrás de si, o seu pai e a sua mãe. Pode também imaginar atrás do seu pai, o pai dele e a mãe dele e imaginar atrás da sua mãe, a mãe dela e o pai dela. E atrás dos seus avós, seus bisavôs. Agora olhe para todos eles e diga: – Eu carrego vocês junto comigo. Eu carrego vocês todos no meu coração.
Bert Hellinger nos diz:
“Se olharmos para nossa família e os nossos ancestrais, vemos que por trás de cada um está o seu destino de forma imponente.
Voltamo-nos para cada uma dessas pessoas e olhamos para além dela, diretamente para o seu destino. Curvamo-nos diante desses destinos e retiramo-nos de maneira que cada um permaneça com o seu.
Depois viramo-nos de costas para as pessoas e vemos o nosso destino diante de nós. Curvamo-nos diante dele, entramos em sintonia com o mesmo e concordamos com ele da maneira como ele é. Quando o aceitamos, Experimentamo-nos vinculados e livres ao mesmo tempo.”
(Hellinger, Bert. Histórias de Amor.)
Com gratidão sentimos nossa existência em sua plenitude. Podemos dizer: – Obrigado, posso existir, por causa de todas essas pessoas. Por elas cheguei aqui.
Graças a eles, ao destino de cada um, exatamente como foi, eu cheguei aqui.
Aceitação do destino
Destino difícil ou leve? Alguns sofreram muito. Sim, é verdade, alguns deles, dos nossos antepassados, podem ter cometido crimes, podem ter sido injustiçados, algum deles pode ter tido uma morte prematura, e ainda sim, nós os carregamos todos no nosso corpo.
Aí está o grande amor que existe nas famílias. Muitas vezes este filho¹, sem nenhuma explicação, comete um ato de violência, não por influência dos amigos, não por influência da mídia, mas o comete porque dentro dele existe, quem sabe, um avô que cometeu um crime e assassinou alguém.
Assim ele carrega esse avô no seu coração e inconscientemente, por amor, ele se torna uma pessoa também violenta. Mesmo que ele tente de tudo para não ser violento, ele acaba cometendo um ato criminoso por amor e fidelidade ao seu avô, porque sem esse avô, essa pessoa não existiria. Simples assim.
E quando excluímos um membro da família, dizemos: – Não, essa pessoa não faz mais parte da família, ela fez alguma coisa muito feia.
O que podemos fazer em tais situações?
Segundo Hellinger o caminho para a solução é devolver a dignidade ao ancestral dizendo: “Eu me curvo perante seu destino, assim como você o suportou e o venceu…disso Eu tiro a força para fazer eu mesmo faça algo de bom e grandioso”. (Hellinger, B. &Ten Hövel,G. Constelações Familiares: o reconhecimento das ordens do amor. 2007),
Isso é recorrente nas famílias de uma forma bem real e concreta. É possível, embora brigamos, tentamos esquecer, fazemos segredo e nada é contado para a nova geração sobre o que aconteceu no passado. Não se conta que a família tem um avô que assassinou alguém, mesmo que tenha sido em legítima defesa.
Omite-se pelo receio das consequências, os problemas que poderia causar. Muitas vezes, é a própria omissão que cria o ambiente favorável para a repetição dos piores crimes por amor e fidelidade à família de origem.
Como então quebrar esse ciclo?
Porque o filho¹ pode não continuar a história, mas talvez, o neto dele continue a reproduzir o mesmo segredo. Como podemos fazer algo para mudar esse ciclo que se repete às vezes geração após geração?
Trabalho com famílias há 15 anos, e vejo isso realizar-se com todas as famílias de uma forma ou de outra.
Pode parecer estranho, mas constelações familiares trazem à tona o acontecimento que influencia uma pessoa que participa de um conflito, de um ato de violência ou o que quer que tenha acontecido. Quando colocamos os excluídos de volta ao coração da família, todos eles, dos “melhores” aos “piores”, todos têm um lugar, e precisam voltar aos seus devidos lugares.
O lugar de cada um
Cada um tem um lugar que é único. Assegurados quanto aos seus lugares, o coração da família se aquece, há um relaxamento na tensão familiar, então é possível quebrar esse ciclo. É possível fazer diferente. Porque agora se sabe: ‘o que é claramente revelado, se torna luz’. Nas constelações familiares isso aparece de forma bem simples.
Porque somos mais apegados a algumas pessoas da família? O que isso significa? O que temos constado é que as crianças, ou seja, a geração mais nova, está especialmente apegada com um amor especial por sua família.
É o amor que quer incluir os esquecidos. Aqueles que a família está tentando excluir ou aqueles que têm dificuldade de se encaixar. Então as crianças se oferecem e se identificam normalmente com as pessoas mais carentes, frágeis da sua família. Isso ocorre muitas vezes sem que ela saiba, inconscientemente, por um amor intenso, grande.
Não só pelos seus pais
Estamos falando do amor da família, é um amor que nós temos, uma fidelidade profunda com as nossas origens. Então quando um conflito acontece na família: um filho adoece, um adolescente vai mal na escola, alguém se suicida, etc.
Existe um grande amor por trás. Muitas vezes um filho vai mal na escola e no seu coração ele diz: – Querida vovó, como eu posso aprender se a senhora nunca teve a chance? Ou, – Querido papai, como eu posso ir bem na escola se o senhor nunca teve a chance de estudar?
O amor é tão intenso e tão forte pelas nossas origens que nós somos capazes de fracassar, sem saber. O fracasso é esse grande amor à nossa família, aos nossos pais, ou nossos ancestrais.
Aqui temos uma pequena ideia, o começo do que é o olhar das constelações familiares para os problemas e para os conflitos.
As constelações no Judiciário
As constelações familiares estão sendo aplicadas no mundo todo e os profissionais do Instituto Ipê Roxo tem se dedicado no atendimento de famílias, empresas, escolas e indivíduos em conflitos.
O sistema judiciário Brasileiro está aplicando essa técnica que vêm trazendo soluções para conflitos importantes, diminuindo drasticamente a reincidência da criminalidade e aumentando o índice de acordos. Já temos no Ipê Roxo assim como no Brasil, com o trabalho das constelações, alcançado resultados palpáveis na vida muitas pessoas.
Faça parte
do CURSO de Direito Sistêmico
Uma abordagem inovadora e eficiente. É assim que pode ser definido o uso do Direito Sistêmico, método adaptado a partir dos conhecimentos de Bert Hellinger pelo Juiz brasileiro Sami Storch.
O CURSO irá explicar e expor aos participantes como este novo olhar tem trazido benefícios para os clientes, profissionais do direito e ao sistema como um todo.
Com a postura sistêmica há uma mudança de paradigma: o Judiciário como auxiliar das partes na construção de uma solução para o problema trazido. Aqui, o papel do judiciário é restaurativo, um objetivo que muitos profissionais tem buscado há muito tempo.
Faça sua inscrição e participe deste movimento transformador que está acontecendo no Judiciário!
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Para que realizar este Curso?
1 – Conhecer o que é Direito Sistêmico e as Constelações Familiares de Bert Hellinger
2 – Os participantes serão expostos a uma nova visão sobre sua atuação como operadores do direito e terão a experiência de exercícios práticos que poderão aplicar na seu dia-a-dia, com seus clientes e jurisdicionados.
3 – Serão feitas Constelações de temas e casos que possam estar “travados” ou de difícil solução.
O temas tratados neste dia serão abordados conforme a necessidade dos participantes do seminário.
PROGRAMA
MÓDULO 1
- Surgimento histórico das Constelações Sistêmicas;
- O que são Constelações Sistêmicas;
- Apresentação das Bases Científicas;
- As 3 Leis Sistêmicas ou Ordens do Amor;
- Emaranhamentos Sistêmicos;
- O que é Direito sistêmico e resultados já obtidos;
- Onde surgem os conflitos;
- Onde começa a Paz;
- Empoderamento das partes do processo;
- Aplicação no âmbito Estadual e Federal;
- A influência da história familiar na atuação do profissional de Direito;
- A distância do profissional para a resolução e pacificação de conflitos;
- O olhar livre de julgamento;
- Distanciamento sistêmico;
- A busca por Justiça;
- A que serve a morosidade da Justiça?
- A dignidade do ser humano;
- Casos práticos em Direito de Família e Sucessões, Bancário, Penal, Ambiental, Empresarial, obrigações, Contratos, Imobiliário, Registral, Trabalhista, Previdenciário, Tributário, dentre outros.
MÓDULO 2
- 4 Princípios Básicos para uma postura Sistêmico-Fenomenológica: Sem julgamento, sem medo, sem pena, sem intenção;
- Atendimento Jurídico sistêmico – pré-processual, extrajudicial e contencioso;
- Mediação e Conciliação Sistêmica;
- Culpa e Inocência;
- As 3 Consciências (Pessoal, Familiar e Universal);
- Lealdade Sistêmica;
- Exercícios sistêmicos;
- Supervisão de Casos dos alunos;
- Casos práticos em Direito de Família e Sucessões, Bancário, Penal, Ambiental, Empresarial, Obrigações, Contratos, Imobiliário, Registral, Trabalhista, Previdenciário, Tributário, dentre outros.
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Paulo Pimont Berndt, constelador do Ipê Roxo e professor na Academia Judicial, fará em Florianópolis um seminário sobre o Direito Sistêmico. Paulo faz parte da primeira turma de Pós Graduação no mundo da Hellinger Schule, sendo aluno de Sami Storch, criador dessa aplicação.
Abaixo, segue o depoimento de uma aluna da Academia Judicial:
“Prof Paulo! Boa tarde! Gostaria de dizer que o direito sistêmico e as constelações familiares, embora seja um assunto novo, descortinaram um novo olhar e abordagem para a minha vida é o meu trabalho.
Desde o curso na academia judicial, tenho buscado aceitar minhas origens e adotar um olhar diferente em relação aos meus pais e familiares. Também em relação ao meu trabalho, todo o peso que carregava em meus ombros se foram, e tenho caminhado e enfrentado meus dias com mais levedas, sem tanta indignação.
Minhas dores de cabeça, desde o curso, cessaram. O que não significa que meus problemas acabaram. Tenho muitos pontos de interrogação na cabeça e tenho muitas dificuldades em minha vida.”
RESERVE SUA VAGA no Curso de Direito Sistêmico aqui, e participe deste movimento que está transformando as conciliações no judiciário brasileiro.